O Presidente da República dedicou hoje o seu discurso aos jovens. Hoje é dia 25 de Abril, é dia de festejar a Liberdade que chegou para todos em 1974. A Bruxinha gosta de celebrar este feriado. Se ela vivesse antes do 25 de Abril já teria sido presa e torturada porque ela não gosta mesmo nada de injustiças. E, linguaruda como é, teria decerto dado com a língua nos dentes mesmo nas barbas de um informador, e…pimba!, lá ia ela ver o sol aos quadradinhos para Peniche ou para lugares ainda mais remotos e inóspitos! E o único sítio onde ela gosta de ver o sol aos quadradinhos é nos livros de banda desenhada e nada mais, safa! Nesse tempo todas as pessoas que não concordavam com a política feita em Lisboa eram perseguidas, torturadas e silenciadas. Imaginem um tempo em que um grupo de amigos não se podia sentar à mesa de um café em amena cavaqueira sem correr o risco de ser suspeito de estar a preparar um grande golpe! Imaginem um tempo em que os artistas e os poetas não podiam desenhar ou escrever o que a sua imaginação ditasse sem haver um par de olhos atentos a vigiar! Foi o Grande Tempo do Big Brother, mas um Big Brother que não era nenhum espectáculo de televisão: não fazia rir, nem servia para entreter ou encher páginas de revistas com historietas cor de rosa. Servia para policiar e amordaçar a Liberdade. Parece coisa da Idade Média, coisa de uma idade bem distante num tempo em que os senhores viviam nos seus castelos e subjugavam todos os súbditos, soberanos que eram para fazer valer a sua vontade a qualquer custo! Mas era assim em Portugal há menos de 50 anos. A Revolução aconteceu quando a Bruxinha era uma criança. Mas ela lembra-se. Lembra-se sobretudo das armas com cravos nos canos. É uma imagem muito forte! Como se as armas servissem para disparar flores e transformar um Inverno frio e escuro numa Primavera morna e colorida! Foi por isso que ela nunca mais esqueceu o 25 de Abril! Está na hora de fazer Logout e ir comprar um cravo!
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